3.5.20

Desenho, Instrução e Performance | Instruções por Bruna Vettori e executadas por Leonardo


No lançamento deste exercício tive um entendimento da "instrução" como uma ordem a ser seguida num sentido autoritário, em que um desvio ou recusa viria a ser um ato de rebeldia e protesto. Entretanto, ao receber as instruções de Bruna, pude perceber que não se tratava essencialmente de uma relação de poder de autoridade, dominante e dominado, mas como uma singela orientação, ou melhor, um convite para a realização de determinadas ações.


Instrução para ação

A primeira instrução recebida foi para um ação recebida durante o período de estado de emergência devido à pandemia do COVID-19. Dias de confinamento residencial deixam suas marcas na mente e no corpo... e quando decidi sair de casa para o mercado, puxei uma folha de pequena planta que crescia em um terreno vazio.













Guardei a folha dentro de um caderno de desenhos e quando estava seca escrevi um sentimento
Rasguei a folha
Fui até a varanda
E deixei que o vento levasse por tua conta

























Instrução para desenho



Referente ao ato de desenhar, a segunda instrução é apresentada estilisticamente despretensiosa, e de certa forma faz com que a instrução esteja aberta para interpretações de quem a executa.












O primeiro desenho foi realizado em uma noite úmida sobre a varando do quarto. De pé , apoiei o papel no gradil molhado que absorveu a água da chuva e conforme o desenho era executado a mão borrava a tinta da caneta misturada com a umidade do papel.






O segundo foi feito de manhã na mesma varanda, porém decide me sentar e enxergar através do gradil. Deixei minha visão selecionar apenas o que lhe interessava no instante e desenhei uma jovem árvore que percebi pela primeira vez as suas folhas verdes desde quando me mudei para cá há 8 meses atrás.
Nesta instrução refleti sobre como o sentido da visão pode ser seletivo ao contexto.
Ou seja, o próprio ato de ver/observar negou em partes a instrução que dizia para desenhar o que vê. Mesmo enxergando um contexto maior e cheio de detalhes e dinâmicas, o ato de ver e desenhar recusa ao selecionar apenas o que interessa dentro de um contexto.