PERFORMANCE, DOCUMENTO E DESENHO - Ana Sofia Ribeiro
Com o objetivo de refletir sobre as motivações e estratégias do desenho como arquivo e documento em contexto performativo, foi explorado o espaço “jardim”, no qual a primavera trouxe uma família de melros para o habitar. Assim a partir da imaginação é proposta a exploração do jardim através do olhar de um desses membros. Desse reconhecimento espacial saíram vários desenhos documentais das texturas de cada árvore, parede e chão. Também sugiram estudos de cor, pensando que cores seriam mais frequentes e quais as suas disposições quando em busca de comida ou abrigo. E por fim das formas, o próprio ninho é esboçado a partir de um desenho cego, alusivo dos primeiros estados de vida das crias.
A ação decorre então consequente destes documentos, procurando criar um grau zero do ambiente natural e celebrante do nascimento. Foi assim enterrado o ninho com um pássaro morto dentro dele, num buraco de 30cm de diâmetro, onde o desenho documental é feito através de água em lousa que se vai evaporando e desaparecendo. O próprio desenho vive neste limbo entre a vida e a morte e questiona se de facto pode ser considerado documentação da ação, uma vez que desaparece e ele mesmo pode ser pensado como desenho performativo.