Retórica do Ato Performativo
Fig. 1 Grau Percebido - Uma cabeça com uma peruca; Grau Concebido - O que alude é um cabelo de esfregona.
Fig. 2 Grau Percebido - Uma esfregona ; Grau Concebido -O que alude é a uma pessoa.
Fig. 3 Grau Percebido - cabelo ligado a um corpo; Grau Concebido - uma esfregona.
“Tenho o cabelo de esfregona” - É o meu ato desviante, na retórica do ato performativo é comum haver uma relação entre o “que é” e “o que representa”, como uma metáfora. Esta retórica que se afasta de uma linguagem escrita, torna inteligível uma ideia que na verdade não corresponde totalmente ao real. Há um convergir de ideias e significados numa imagem fora de convenções.
Podemos facilmente interpretar as metáforas, não por elas descreverem a situação em si, mas pelo conhecimento à priori das sensações, características e funções dos objetos ou atos humanos. Neste caso conhecemos uma esfregona por ser um objeto do quotidiano ao qual estamos habituados a manipular, conhecemos a forma, as características e a função, que é a de lavar o chão, mas quando chamamos ao nosso cabelo de esfregona, entendemos que ele não servirá para lavar o chão, mas sim comparamos à aparência do objeto. Estabelecemos facilmente essa relação porque conhecemos as características de um e de outro.
De certa forma há também um vocabulário semelhante em termos formais do objeto e do corpo, por exemplo, ambos têm cabeça, ambos podem ter franja - uma alotropia - quando os corpos possuem a capacidade de se moldar ou transformar noutra coisa. Não interessa o que é que se apropriou do quê, o que nos interessa é a convergência entre uma ideia e outra, através da potencialidade que cada parte/objeto tem para se tornar no outro, deste cruzamento conseguimos interpretar a imagem.
Houve uma alteração do significado assim que transportei a minha cabeça para o cabo da esfregona (Fig. 3). Tentei representar-me, eu/a minha aparência - como o grau-zero - através da ocultação de da maioria das características visíveis do meu corpo e usei o cabo da esfregona como elemento desviante.
A ação de colocar a minha cabeça no topo do cabo da esfregona, colocar a cabeça da esfregona no topo da minha cabeça ou até mesmo inverter a verticalidade do objeto foram os atos desviantes.