9.4.21

Retórica-do-Ato-Performativo__Juliana Bucaretchi

Workshop 2

"Corpo híbrido"



Como resposta ao exercício tentei pensar outras possibilidades de reconhecimento do que sou, e mais expandido, do que é ser mulher hoje. A partir de duas narrativas visuais, criou-se um padrão de sequencia; primeiro expor o que pode ser entendido como grau zero, ou o que é expectado por práticas femininas, e em um momento final a revelação de um desvio. Esse processo de construção visual buscou a possibilidade de transgredir identidades fixas, de metamorfosear, de convocar imagens para além de um universo dado. De construir a mim mesma a um outro modo.

No primeiro exemplo, maquiar os olhos, como parte de um ritual diário de um corpo feminino. Um processo tão banal como esperado. De práticas que foram moldando as subjetividades femininas ao longo dos séculos. A partir de fragmentos de corpo, vai se montando um imagem. E, num momento final, um distanciamento do foco da imagem revela um braço peludo, aparentemente masculino praticando tal gesto. Que braço é esse que compõe a imagem? Que corpo é esse? A substituição do braço feminino por um masculino nos faz desautomatizar certas percepções. Um corpo híbrido de identidades, feminino e masculino juntos, sugerindo outros caminhos.

Em uma mesma estrutura, o segundo exercício constrói uma narrativa deste universo, recuperando o ato de pintar as unhas, prática também comum aos padrões femininos. Gesto de embelezamento feminino que remetem a um padrão de beleza normatizado. Quando novamente deslocamos o foco para mais longe percebemos uma perna cheia de pelos. Da mesma maneira que o primeiro exercício, nos defrontamos com uma violação de códigos esperados. Que pele é essa que se constitui? Uma tensão entre masculino, feminino, como um desvio das construções identitárias e das imagens construídas sobre a condição do ser mulher. Imagens que borram fronteiras e se compõe na mistura de universos.