Retórica do Ato Performativo - Cristiana Macedo
Dar resposta ao exercício de autorrepresentação passou em primeiro lugar por um processo de autoconhecimento e de perceber em que características se incorporava o Eu na prática artística. De um modo geral o que acaba por realçar é o hábito de coletar. Sejam memórias, objetos, ideias, etc. Neste caso foca-se a ideia de “coletora de memórias”, ligada à vontade de estagnar um momento do dia, uma cor, ou qualquer que seja o elemento relacionado com a natureza.
Durante o segundo confinamento foram tiradas 27 fotografias do céu no mesmo local em várias horas do dia. Todas com o mesmo intuito. Além de servirem como novas peças integrantes da coletânea de imagens de céus, são elementos de autorrepresentação, já que sinto que o ambiente em que me circundo, tem muita influência no meu dia. Isto é, do mesmo modo que quando me encontro numa cidade o ritmo automaticamente se torna mais apressado, quando volto ao campo imediatamente acalmo. Isto equivale tanto aos dias de sol e serenidade como aos de chuva e nostalgia.
Estas imagens são a representação desses sentimentos. Os edifícios que rodeiam o local são os mesmos. As fotografias são tiradas de ângulos aproximadamente iguais. E o céu é o mesmo. Mas o que passa por ele, cores, nuvens…, difere. As horas são diferentes, mas o local é o mesmo. Este local que aparentemente nunca difere metaforicamente sou eu.
Exercício 1