24.5.21

Maria-Inês-Graça_WORKSHOP-4: Transferência ato-imagem | Performance-Desenho-Documentação

 The Impossible Friend 

(or was I ever friends with you and how?)

Aquando deste 4º Workshop, mal li a lista de verbos que nos foi disponibilizada soube que queria fazer algo relacionado com memória, o reviver, o documentar e o reconstituir.

No meu caso, o grau zero que escolhi foi a circunstância de uma amizade tóxica na minha vida, no meu corpo, na minha pessoa. E a ação desviante foi o questionar se esta realmente existiu ou não na minha vida e o seu anular por completo. Esta pessoa esteve mesmo presente ou era um mero amigo imaginário? Uma sombra?

Recolhi os seguintes documentos, que por si só, já fazem parte da própria documentação desta minha performance, logo, esta mesma é feita a partir dos meus arquivos autobiográficos:









Mas quem é esta pessoa que surge junto de mim nas fotografias? 
Através da violação, profanando a própria documentação do meu grau zero, aniquilei a possível identidade desta personagem. Todos os seus traços, tudo o que a caracteriza, tudo acerca dela. Desfiz a possível ideia desta pessoa na minha vida.

Decidi através da violação, de novo, e desta vez também da invasão, tentar abater esta ideia de uma possível amizade tóxica.

Comecei por separar o trigo do joio, e separar a pessoa tóxica de mim:


Depois, decidi colar, de novo, as imagens, reconstruindo-as e desfazendo cada vez mais o que as mesmas contêm:


Por fim, decidi voltar a reforçar a aniquilação/destruição da identidade da pessoa tóxica, conseguindo, assim, obliterá-la:









De seguida, procedi ao desenho da planta do meu corpo, o local onde se terá dado esta possível amizade tóxica.




Como se fosse um "mapa" de corte dos talhos, separei os possíveis locais que esta amizade tóxica poderá ter afetado.
Posteriormente, desenhei o que seriam os vários pontos de vista subjetivos deste próprio lugar.






Todos os pontos de vista registam o que especificamente terá sido afetado neste território que é o meu corpo. Terá esta amizade realmente acontecido ou simplesmente terei eu transformado mera documentação numa simulação? Terei eu reinventado e reconstruído o meu grau zero ou será que este realmente é assim? Se esta tiver ocorrido na realidade será que a terei conseguido dissecar ao ponto de a apagar? De a anular, de a documentar e depois arquivar?

Quis, por fim, espalhar estas partes talhadas de mim mesma: imprimi cada desenho, cada mapa, cada segmento, dobrei cada folha e coloquei em caixas de correio aleatórias. Assim, o corpo hospedeiro desintegrou-se e separou-se da possível toxicidade que terá vivido.



Se esta amizade terá existido? Já não era problema meu.