Tendo como ponto de partida o conceito de Tradição, proponho uma retórica quanto ao mesmo: se por um lado este é conotado com aquilo que é inato e inerte por outro está sujeito ao que é dinâmico e mutável. A Tradição, gera assim, um paradoxo onde a tensão assenta essencialmente sobre questões semânticas e culturais (hábitos).
No meu entender, é um conceito que vive da dinâmica individual que se repercute em demais indivíduos tornado-se assim colectiva. Encarando que assenta na espontaneidade e “imemória” dos actos podemos considerar que é sempre contemporânea.
A antropologia usa do conceito cultura para entender este fonómeno social. Reconrrendo a ela entende-se que as atitudes culturais, hábitos ou tradições estão à partida pré-concebidos e normalizados, sendo que é, inclusive um factor preponderante para a sua manotenção.
Apropriando-me dessas circuntâncias pré-estabelecidas, ou normativas, uso dos conetúdos populares para o exercício da minha prática artística. O caso que apresento insere-se num trablho que continuo a desenvolver (tecnicamente apenas) que se denomina “lenço marcado”.
A partir do “bordar (ou marcar) um lenço e oferece-lo ao seu amado, como testemunho de amor ou prova de noivado”, numa prespectivida heteronormativa, quero questionar o género e a tradição: o primeiro como agente circunstancial e o segundo como resultado da acção do agente, propondo assim um discurso acerca da tradição como forma dinâmica de questionar a actualidade.
As imagens são parte do processo: numa breve análise dos espólios digitalizados do Museu de Arte Popular e Nacional de Etnologia, escolhi aqueles que apresentam um casal bordado. A partir destes debuxei, numa folha Excel, uma proposta nova de bordado.
L1 - Museu de Arte Popular - IND TEX 22/96 - Lenço de namorados
L2 - Museu Nacional de Arqueologia - ETNO 7028 - Lenço de namorado
L3 - Museu Nacional de Etnologia - AQ.023 - Lenço de Amor - Meadela.
L4 - Museu Nacional de Etnologia - AS.705 - Lenço de Amor
L5 - Museu Nacional de Etnologia - AX.763 - Lenço de Amor
L6 - Museu Nacional de Etnologia - AZ.032 - Lenço de Amor – Minho