No primeiro
exercício deste primeiro workshop foi-nos proposto transferir e representar um
gesto do quotidiano no campo do desenho. E como tal, a partir de uma lista de
verbos de ações efetuadas num dia, escolhi o verbo arrancar. Tenho o terrível
hábito de arrancar sabugos das extremidades dos dedos e portanto optei por
replicar um gesto frequentemente inconsciente para mim. Para além da grafite
que regista o pequeno, mas violento gesto, utilizei duas canetas de modo a
cartografar e registar a posição da mão. Procurei internalizar este gesto
repetindo- o no papel até preencher alguma superfície.
Já no
segundo exercício – a transferência e consequente junção de dois gestos de dois
campos performativos diferentes - pensei no ato de espreguiçar, esticar o corpo
ou algo semelhante a um alongamento, sendo o gesto oposto o massajar, mais
especificamente pensei no gesto de carícias em animais de estimação. Realizando
este exercício no momento de aula, estendi os braços na mesa de trabalho
massajando a mesa no final do gesto. Obviamento eu posso mesmo praticar o
alongamento numa mesa ou numa superfície plana, no entanto o que torna este
novo gesto em algo pouco comum é o massajar da mesa que neste caso não
transmite satisfação do afeto.
No terceiro exercício, o objetivo era transferir um gesto utilizado no ato do desenho e aplicá-lo num outro contexto que não o desenho. Com isto, ao refletir sobre determinados gestos utilizados no desenho, pensei pessoalmente num gesto automatizado que desenvolvi fruto de rabiscos frenéticos. Entretanto como recetor deste gesto optei por utilizar uma toalha simplesmente porque não iria danificar o material e poderia até compreender este gesto de uma forma tridimensional pela ação do tecido. O tecido pela sua materialidade por sua vez, permite a perceção deste gesto exterior ao campo do desenho. Algo que apenas fica registado pelo resultado no papel.