18.4.22

Desenho, Instrução e Performance

 

Desenho, Instrução e Performance


                 

 

Nesta imagem pode ver-se um conjunto de emojis. Não quis recorrer à escrita, pareceu-me pertinente, este uso de linguagem, visto que hoje em dia é uma linguagem muito usada, sobretudo nas camadas mais jovens.  Para além de remeter a uma codificação, o envio de uma mensagem é sempre algo mais privado. Tanto os emojis como o telemóvel são elementos que definem uma temporalidade. O meu objectivo foi para que a colega interpretasse esses símbolos e a partir deles produzisse desenhos ou mesmo pinturas a partir de uma música, à sua escolha ou até mesmo a partir de sons.  A arte como consequência de várias sensações, onde predomina a expressão fluída. 


          (2) Instruções para a realização de uma acção que não um desenho: Susana - Zsófia























Neste exercício, entreguei à colega duas folhas onde constavam estas imagens. Decidi não recorrer às palavras, como somos contemporâneos de uma sociedade onde tudo é imagem, pareceu-me pertinente usar este tipo de registo. A instrução é dada passo a passo sendo que termina com o símbolo do infinito. Quis que fosse algo muito ligado a uma codificação. A colega entendeu a mensagem tal como a pensei e, por isso, terminou numa desmaterialização do objecto principal, o papel.   A ideia era de escrever o nome e depois molhar o papel, repetidamente, até  este se desfazer. Alguém que escreve o seu nome é, por si, um acto banal e, ao mesmo tempo, de afirmação. Molhar o papel é tornar este suporte vulnerável ao acto de escrever e, também, de alguém que pretende "limpar" o seu nome. Pode pensar-se que este acto pode ter dois propósitos: um de se anular e o outro, de alguém que tentar "purificar-se". 



Instruções: Zsófia - Susana

 (nesta folha constam as duas instruções que recebi)




 "A arte conceitual se baseava tanto em modelos cotidianos para suas peças de instrução quanto em seus precursores artísticos. As instruções são inerentemente políticas; eles implicam uma hierarquia, seja de autoridade ou de conhecimento, e esse elemento hierárquico permanece mesmo nas peças de instrução mais caprichosas –  Lawrence Weiner reconheceu isso quando rotulou as peças de instrução de “fascismo estético” ... A  primeira reivindicação feita a nós por qualquer instrução é decidir quão literalmente devemos seguir seus termos – com os extremos imaginários sendo protocolo, por um lado, para ser seguido ao pé da letra, e puro jogo, por outro, com nenhuma sugestão de que seja realmente realizado." Sperlinger, Mike. " Pedidos! Imperativos da Arte Conceitual"




(1)  Instruções para realização de um ou mais desenhos: a  minha resposta




A instrução que a colega me deu, foi para que eu através  dos meios do desenho, registasse as sombras do meu quarto ou outro local que eu considerasse ser o mais indicado. Depois teria de usar água e colocar o papel a secar com molas, como se de roupas se tratassem. Se eu tivesse seguido, à letra, a instrução, provavelmente, nem conseguiria concluí-la, porque depois de molhar o papel, ele iria começar a desfazer-se. O meu propósito em recorrer a uma linguagem videográfica, foi para levantar questões sobre aquilo que é relativo à matéria orgânica, que acaba por desaparecer, e aquilo que pertence à matéria digital, que tem maior durabilidade.  Da desmaterialização do objecto para uma certa desmaterialização, que contribuiu para uma ideia de conservação e ainda o aspecto, a "democratização da obra de arte".  Penso na instrução como uma estrutura ou norma para realizarmos uma tarefa, ainda assim a interpretação é algo bastante singular, e o modo como é executada revela, também,  a singularidade de quem a executa. O poder da instrução não é inerente a esta, mas na "submissão" de quem a recebe.  Escolhi o espaço da casa que mais tem sol, a marquise. Ao mexer nos objectos desse espaço, percebi que a porta da máquina de lavar roupa, reflectia, em uma das paredes,  um efeito que achei interessante. Não quis ser literal, no que diz respeito à instrução, contudo, não me quis desviar. No vídeo constam os elementos: sombras, água, o split screen, a substituir as duas folhas, e o computador no estandal da roupa como se fossem as folhas de papel, um pouco, em tom de ironia. 



(2) Instruções para a realização de uma acção que não um desenho: a minha resposta







   


Antes de realizar qualquer instrução, confesso que me senti ansiosa e na expectativa daquilo que me iria ser pedido. Quando as nossas acções estão sobre controlo de outro, não sabemos se isso nos vai retirar da "zona de conforto".  Curiosamente, a colega deu-me instruções com as quais me identifico bastante.  Neste exercício, a ideia era que eu tocasse no meu cabelo e registasse as sensações e movimentos. Fiquei muito entusiasmada e no final da aula, tinha um sentimento de satisfação. À medida que ia tocando no meu cabelo, ia registando os movimentos da minha outra mão. Para isso, usei três lápis, que por um lado, dificultava a acção, e por outro, permitia registar o maior número de fios de cabelo. Considero este tipo de desenho muito estimulante. Estamos formatados para um desenho que depende da visão e ter esse sentido "nulo" é desafiante. 



 (1) Instruções para realização de um ou mais desenhos: Susana - Cláudio





  (2) Instruções para a realização de uma acção que não um desenho: Susana - Cláudio