Desenho, Instrução e Performance
Nesta imagem pode ver-se um conjunto de emojis. Não quis recorrer à escrita, pareceu-me pertinente, este uso de linguagem, visto que hoje em dia é uma linguagem muito usada, sobretudo nas camadas mais jovens. Para além de remeter a uma codificação, o envio de uma mensagem é sempre algo mais privado. Tanto os emojis como o telemóvel são elementos que definem uma temporalidade. O meu objectivo foi para que a colega interpretasse esses símbolos e a partir deles produzisse desenhos ou mesmo pinturas a partir de uma música, à sua escolha ou até mesmo a partir de sons. A arte como consequência de várias sensações, onde predomina a expressão fluída.
(2) Instruções para a realização de uma acção que não um desenho: Susana - Zsófia
Neste
exercício, entreguei à colega duas folhas onde constavam estas imagens. Decidi
não recorrer às palavras, como somos contemporâneos de uma sociedade onde tudo
é imagem, pareceu-me pertinente usar este tipo de registo. A instrução é dada
passo a passo sendo que termina com o símbolo do infinito. Quis que fosse algo
muito ligado a uma codificação. A colega entendeu a mensagem tal como a pensei
e, por isso, terminou numa desmaterialização do objecto principal, o
papel. A ideia era de escrever o nome e depois molhar o papel,
repetidamente, até este se desfazer. Alguém que escreve o seu nome é, por
si, um acto banal e, ao mesmo tempo, de afirmação. Molhar o papel é tornar este
suporte vulnerável ao acto de escrever e, também, de alguém que pretende
"limpar" o seu nome. Pode pensar-se que este acto pode ter dois
propósitos: um de se anular e o outro, de alguém que tentar "purificar-se".
"A arte conceitual se baseava tanto em modelos cotidianos para suas peças de instrução quanto em seus precursores artísticos. As instruções são inerentemente políticas; eles implicam uma hierarquia, seja de autoridade ou de conhecimento, e esse elemento hierárquico permanece mesmo nas peças de instrução mais caprichosas – Lawrence Weiner reconheceu isso quando rotulou as peças de instrução de “fascismo estético” ... A primeira reivindicação feita a nós por qualquer instrução é decidir quão literalmente devemos seguir seus termos – com os extremos imaginários sendo protocolo, por um lado, para ser seguido ao pé da letra, e puro jogo, por outro, com nenhuma sugestão de que seja realmente realizado." Sperlinger, Mike. " Pedidos! Imperativos da Arte Conceitual"
Antes de realizar qualquer instrução, confesso que me senti ansiosa e na expectativa daquilo que me iria ser pedido. Quando as nossas acções estão sobre controlo de outro, não sabemos se isso nos vai retirar da "zona de conforto". Curiosamente, a colega deu-me instruções com as quais me identifico bastante. Neste exercício, a ideia era que eu tocasse no meu cabelo e registasse as sensações e movimentos. Fiquei muito entusiasmada e no final da aula, tinha um sentimento de satisfação. À medida que ia tocando no meu cabelo, ia registando os movimentos da minha outra mão. Para isso, usei três lápis, que por um lado, dificultava a acção, e por outro, permitia registar o maior número de fios de cabelo. Considero este tipo de desenho muito estimulante. Estamos formatados para um desenho que depende da visão e ter esse sentido "nulo" é desafiante.
(1) Instruções para realização de um ou mais desenhos: Susana - Cláudio
(2) Instruções para a realização de uma acção que não um desenho: Susana - Cláudio