11.11.22




“Como representar emoções, sem falar nelas”

Vídeo performance ,2022

“Uma flor pode parecer bela ou forte mesmo estando frágil no seu interior, sendo irreconhecível para quem a vê a olho nu”






                                             (Frames da video performace )


1ºMomento

 Observamos uma flor no seu estado mais fraco, despida de qualquer pétala. Ao longo do vídeo é adicionado mais pétalas ou “camadas” a essa flor frágil, sendo possível observar marcas nela até que, no final, a flor volta a ser uma flor limpa e viva, a imagem que pensamos quando nos é pedido para “pensar numa flor”.

Para este trabalho fiz uso da imagem metafórica através de uma flor, que é a minha via de autorrepresentação.

O meu trabalho autoral anda em volta de uma série de trabalhos e pinturas que sejam capazes de representar diferentes condições e emoções, tornando a minha arte como meio de reflexão indireta, de mim para o espetador.


Simbolismo das flores

As pessoas oferecem flores para transmitir símbolos potenciais que expressam significados particulares. Dependendo das cores das flores, elas trazem consigo as emoções do doador.

Neste contexto, escolhi usar as flores como meio de autor representação para expressar condições e as fragilidades humanas, partindo de um objeto naturalmente frágil. De uma maneira subconsciente existe uma relação entre as flores pelas suas características próprias e pelo simbolismo que elas têm para mim.

Enquanto pintora, comecei a representar-me a mim e as minhas emoções a partir das flores que pinto para o meu projeto autoral, criando uma máscara entre mim (artista) e quem a vê (espectador). Esta foi a minha forma de expressar algumas emoções que sinto, podendo assim “representar emoções, sem falar nelas”.

Exercício de Aula

Para este exercício, representei algumas fragilidades a partir do interior” manchado” da flor e fui juntando as camadas até chegar á forma normal e forte, ou seja, o “grau zero” de uma pessoa em geral. Quando pensamos no grau zero de uma flor imaginamos algo vivo e puro, da mesma forma que pensamos numa pessoa em geral, num corpo.

“Se consideramos um processo performativo como uma dinâmica suscetível de produzir um jogo retórico, é porque supomos a existência de um grau-zero da ação, em função da qual uma alteração pode ser interpretada como desvio sensível ou alotopia”

 Neste processo performativo do vídeo, eu optei por começar o desvio logo pelo início e acabar no grau zero do meu objeto de autor representação, editando o vídeo para o sentido invertido. Enquanto humanos, estamos acostumados a conhecer o geral de outra pessoa, e só depois conhecer a personalidade, os sentimentos, e, só depois as emoções mais profundas de alguém. No vídeo percebemos logo o momento em que o desvio acontece, começamos pela parte mais exposta e somos direcionados para o geral, o chamado grau zero (ou estado natural).