Para este workshop de Desenho, instrução e performance, nos foi pedido a realização de duas instruções para que depois essas pudessem ser entregues de forma anonima a um colega para a realização das mesmas. Estas instruções tinham como objetivo ser um pedido ou um convite ao outro, e uma destas instruções teria de ser realizado um desenho ou uma série de desenhos, e a outra seria a realização de uma ação performativa.
Deste modo, desenhei duas instruções com o auxílio de uma descrição escrita para a realização das mesmas, a primeira, a instrução de desenho, tinha como objetivo a transferência de texturas, um pouco ligada à minha prática de estúdio, onde vou captando formas e texturas para a criação de desenhos e colagens.
A segunda instrução (ação performativa) tinha como intuito de guardar o som, isto é através da voz guardar vários sons em recipientes. Também esta ação foi pensada segundo o meu projeto por estar a trabalhar com arquivos de imagens e histórias antigas, e dessa forma umas das primeiras coisas que me veio à cabeça a pensar sobre este exercício foi o som e a voz, que por norma é das primeiras coisas que nós esquecemos de uma pessoa quando esta deixa de viver, de todas as memórias que ficamos dela, a voz é a que esquecemos quase por completo, e desta forma metafórica a ação de “guardar” o som tinha esta premissa de puder ter esta memória que é das mais efémeras.
No primeiro desenho, com o uso de um meio riscador (carvão, pasteis, sanguínea, etc) e uma folha branca, ir até ao exterior e encontrar uma árvore onde se vai colocar a folha sobre o tronco e transferir a sua textura para o papel através de um meio riscador escolhido.
No segundo desenho, preencher a folha com uma camada de carvão, pousá-la sobre a calçada da rua e através do movimento dos pés sobre a folha tentar captar a textura da calçada.
No terceiro e último desenho será realizado sobre um banco de jardim, onde será colocada uma folha em branco, e onde a transferência da textura irá ser realizada através do ato de “sentar” sobre a folha, em várias posições diferentes.
2ª Instrução
Com o uso de vários recipientes diferentes, tais como garrafas e frascos, esta performance tem como intuito guardar o som.
Escolhe 5 localizações diferentes, tanto exteriores como interiores, onde vais produzir sons ou ruídos através da voz, e guardá-los um a um dentro de um recipiente.
Depois dos 5 sons recolhidos e guardados, os recipientes têm de ser etiquetados com o local e o som/ruído que contêm no interior.
As instruções que eu recebi de forma anónima foram muito interessantes, a primeira onde se tinha de ser produzido um desenho, o enunciado pedia-me que eu produzisse um auto-retrato de olhos fechados usando apenas o tato para o puder concretizar. Ao criar esta ação através do desenho percebi o quão difícil é puder construir um desenho quando não tenho qualquer conhecimento daquilo que está a acontecer na folha, e utilizar apenas o tato para me guiar. Para esta primeira instrução realizei 3 desenhos diferentes, pois após o primeiro resultado achei que seria interessante puder perceber de que forma estes desenhos iriam alterar se eu repetisse novamente a ação através dos mesmos gestos, e a verdade é que os 3 desenhos ficaram completamente diferentes uns dos outros, e a realidade que estava a acontecer dentro da minha cabeça de como o desenho se estava a realizar não coincidia em nada com a realidade, mas o resultado acabou sempre por me surpreender.
O desenho da instrução:
A segunda instrução, foi-me pedido que produzisse várias ações performativas ao longo do dia ou em fizesse as minhas ações normais, mas produzindo-as ao contrário, como andar de costas, ou como é sugerido na imagem que me foi enviada colocar o leite e os cereais na sequência contrária à qual eu costumo fazer.
As ações que eu realizei foram: lavar os dentes, mas em vez de usar a escova dos dentes como nos é habitual, eu decidi usar a parte de baixo da escova para conseguir escovar, e quando bochechei a água depositei-a novamente no copo, ao contrário do que seria esperado e deitá-la para a pia.
Terceiramente, fiz uma ação que me foi sugerida no enunciado de andar para trás, onde fiz um percurso que faço todas as manhãs dentro de minha casa onde todo o caminho é feito de costas.
Também como sugerido pela imagem do enunciado fiz a troca da sequência na qual se comem os cereais, acontece que, em ambas as situações que são apresentadas na imagem, eu não realizo apenas uma no meio dia-a-dia, desta forma representei as duas ações seguidas e em vez de uma taça de cereais, que é o normal, comi duas, onde a sequência em cada foi diferente.
A quinta e a sexta ações que realizei foram produzidas na cozinha, uma enquanto eu ia buscar água para beber num copo, só que ao encher o copo com água da torneira, eu decidi virar o copo do avesso e beber a água, acontece que ao contrário não havia nada para beber. Também a outra ação realizada na cozinha foi fazer o almoço, em que eu decidi colocar os vários ingredientes num tacho, completamente crus e ainda dentro da embalagem, algo que não seria esperado de alguém que iria realizar um almoço.
Decidi também criar uma ação onde eu estaria a estender a roupa, mas que não a colocaria no estendal, mas sim no chão por baixo do estendal.
A última ação que realizei, foi ver televisão, que é algo que por norma se faz num sofá ou nunca cama, mas em vez disso, eu coloquei-me completamente colada ao ecrã da televisão para conseguir assistir ao programa que estaria a passar.