Desenho
de instrução- Francisca Costa
Primeira
instrução
Foram me entregues
duas instruções anónimas, teria que apenas com as instruções dadas realizar um
desenho e uma performance.
A primeira instrução era bastante concreta: escrever uma carta onde não se lesse nada, onde as letras eram linhas que se cruzavam, mas sem qualquer significado conhecido. De seguida deveria deixar essa carta num local público à escolha.
. Achei curioso a
forma como a instrução foi dada, dentro do próprio desenho de exemplo em que eu
tive que decifrar no meio das linhas as verdadeiras palavras.
As instruções podem
ser dadas de várias formas, a mais comum é um fundo branco, um desenho de
contorno e algumas palavras ao lado a acompanhar. Neste caso a pessoa que fez
estas instruções achou que faria mais sentido, neste caso específico, que o enunciado
da instrução fosse também ele exemplo da mesma.
Realizei um pequeno vídeo onde escreve então a carta, com a simulação de parágrafos e pontuação, dobrei e coloquei num envelope. De seguida dirigi-me até à faculdade de Belas Artes e coloquei a carta num banco. Escolhi um canto mais sossegado para deixar a carta, quase como a incentivar a pessoa a sentar-se, abrir e ler.
Segunda instrução
A segunda instrução
que me foi atribuída tratava-se de uma folha, com desenhos de mãos e no canto
superior esquerdo pequenos símbolos: um lápis, 30 minutos, A3 e uma mão.
Continha ainda a frase”
desenha a tua própria mão de tantos jeitos como puderes/pensares em 30 minutos
“.
Realizei então um
pequeno vídeo onde acelerei o processo em que desenho durante 30 minutos a
minha mão, procurei faze-lo de uma forma um pouco inesperada e que me trouxesse
algum prazer na execução. Realizei um conjunto de contorno da minha mão lembrando-me
a ação que todos nós fizemos em crianças de contornar a própria mão.
Penso que esta simples
ação quando somos crianças começa a criar em nós também uma consciência de
corpo no espaço, de deixar a nossa marca através do contorno e relembro que era
algo que eu gostava muito de fazer.
Preenchi a folha criando
uma espécie de padrão e repetição alternando entre o contorno e o preenchimento
das formas ficando com este resultado final:
Penso que a nível de
instrução teria sido suficiente ter os pequenos símbolos no canto da folha e o
desenho das mãos, ficando assim mais visível o desenho como instrução, sendo
que a frase só reforça o que já é dito através do desenho. Gostei bastante de
realizar este tipo de ações onde existe um espaço de interpretação própria da
instrução e depois um resultado final que pode ou não corresponder ao pedido
inicial.
Instruções que eu escrevi :