13.12.22

DESENHO INSTRUÇÃO E PERFORMANCE, Francisca Costa,


Desenho de instrução- Francisca Costa

Primeira instrução

   Foram me entregues duas instruções anónimas, teria que apenas com as instruções dadas realizar um desenho e uma performance.

   A primeira instrução era bastante concreta: escrever uma carta onde não se lesse nada, onde as letras eram linhas que se cruzavam, mas sem qualquer significado conhecido. De seguida deveria deixar essa carta num local público à escolha.

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   Achei curioso a forma como a instrução foi dada, dentro do próprio desenho de exemplo em que eu tive que decifrar no meio das linhas as verdadeiras palavras.

   As instruções podem ser dadas de várias formas, a mais comum é um fundo branco, um desenho de contorno e algumas palavras ao lado a acompanhar. Neste caso a pessoa que fez estas instruções achou que faria mais sentido, neste caso específico, que o enunciado da instrução fosse também ele exemplo da mesma.

   Realizei um pequeno vídeo onde escreve então a carta, com a simulação de parágrafos e pontuação, dobrei e coloquei num envelope. De seguida dirigi-me até à faculdade de Belas Artes e coloquei a carta num banco. Escolhi um canto mais sossegado para deixar a carta, quase como a incentivar a pessoa a sentar-se, abrir e ler.





Segunda instrução

   A segunda instrução que me foi atribuída tratava-se de uma folha, com desenhos de mãos e no canto superior esquerdo pequenos símbolos: um lápis, 30 minutos, A3 e uma mão.

   Continha ainda a frase” desenha a tua própria mão de tantos jeitos como puderes/pensares em 30 minutos “.



   Realizei então um pequeno vídeo onde acelerei o processo em que desenho durante 30 minutos a minha mão, procurei faze-lo de uma forma um pouco inesperada e que me trouxesse algum prazer na execução. Realizei um conjunto de contorno da minha mão lembrando-me a ação que todos nós fizemos em crianças de contornar a própria mão.

   Penso que esta simples ação quando somos crianças começa a criar em nós também uma consciência de corpo no espaço, de deixar a nossa marca através do contorno e relembro que era algo que eu gostava muito de fazer.

   Preenchi a folha criando uma espécie de padrão e repetição alternando entre o contorno e o preenchimento das formas ficando com este resultado final:



   Penso que a nível de instrução teria sido suficiente ter os pequenos símbolos no canto da folha e o desenho das mãos, ficando assim mais visível o desenho como instrução, sendo que a frase só reforça o que já é dito através do desenho. Gostei bastante de realizar este tipo de ações onde existe um espaço de interpretação própria da instrução e depois um resultado final que pode ou não corresponder ao pedido inicial.


Instruções que eu escrevi :