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A performance começa comigo e com alguém escolhido da turma. Peço que nos sentemos frente a frente. Sem nenhuma instrução verbalizada, incito a que nos olhemos, pelo silêncio formado e pelo sentido de inação.
Esta disposição entres os dois
participantes transporta-nos para a ação de duas
pessoas a conversar. O direcionamento do
olhar é essencial ao conversar.
Contudo, nesta situação, não estamos a
fazer nada a não ser olharmo-nos. Não há fala. Poderia ter verbalizado a
intenção deste primeiro momento - a concentração mútua, isotopia deste
grau zero; o “conversar-se com o olhar”. A pessoa ficou ligeiramente confusa,
perante a inação.
ii
Adiciona-se um novo gesto – o gesto de
tirar os óculos da cara, estendê-los à pessoa, e esta os pôr.
A pessoa passa a ter um elemento que
corresponde à minha aparência física. A isto, está subjacente a dor que isso
provoca, a pessoa sente-se tonta.
Há
um desvio – a pessoa que põe os óculos sofre, e eu vejo mal sem eles. Há o que
permite um contexto de alotopia. Mas como se resolverá esta
transposição? Tentarei remediar a falta de visão. Desse modo, terei de me
aproximar para corrigir a visão. A outra pessoa deverá acabar a performance,
porque não aguenta muito tempo a ver pelos óculos.