3.2.23

Performance, documento e desenho

 

Neste workshop tentamos abordar o desenho como um gesto que documenta e presentifica uma performance realizada por nós, através de um processo descritivo de comunicação.

No meu caso, a performance que eu realizei consistia em pegar no carregador do meu computador pela terminação que o liga a ele, esticar o braço na vertical, de maneira a que o fio ficasse esticado e tentar encaixar a outra terminação na tomada, que estava no chão da sala. O fio era maior do que eu, pelo que teria de fazer um esforço em bicos de pés e em movimentos em torno da extensão com as tomadas, de maneira a que o tentasse executar.




 Como esta ação acaba por inscrever um desenho no próprio espaço, um desenho de linha que flutua ou cria tensões junto com o corpo do performer, tentei que o desenho fosse também ele bastante gráfico. É muito interessante ver as várias intensidades do desenho, os vários ritmos e a organização do espaço da folha, de maneira a poder comunicar pelo esboço a natureza do gesto e da sequência.




Num primeiro momento, tentei representar o espaço da sala a utilizar, através de uma planta em esquiço. Esse desenho encontra-se no canto superior esquerdo - a performance iria decorrer nesse espaço descrito, na sala p42 (começa aqui a especificidade da documentação, para que possamos aceder ao que viria a passar, pelos mecanismos gráficos).

De seguida representei o meu corpo e o fio esticado, para se entender as alturas de ambos lado a lado, de maneira a serem percebidos os mecanismos e a postura do corpo para o tentar alcançar, a fim de que o fio pudesse estar esticado, para o efeito de se encaixar na tomada. De seguida fiz desenhos que tentassem sugerir movimento e temporalidade, através da descrição dessa tentativa, alcançada por um registo também ele dinâmico, usando as próprias intensidades e gestualidades da linha, abusando de perspetivas e de um descomprometimento que o esboço consegue permitir.