Mas este interesse criou também novos ângulos de visão sobre aquilo que - não sendo performance no sentido ontológico do termo - é frequentemente apreendido como um ato performativo. Com efeito, a emergência do «performativo» na arte contemporânea revela uma dimensão que é intrínseca ao próprio desenho, como processo e imagem percebida como projeção de um corpo que atua.
Estes seminários pretendem ser um espaço de reflexão e exploração de metodologias baseadas em processos performativos nas práticas do desenho contemporâneo. Essa relação é aqui abordada em dois sentidos:
Um é pragmático, e refere-se às situações em que o desenho é uma extensão de contextos performativos, enquanto meio, instrumento e ação direta.
O outro é retórico, e enquadra os casos em que o desenho significa em ato, ou significa como ato.
O programa estrutura-se em diversos módulos onde estes dois sentidos se relacionam:
1. Performance, performativo e performatividade.
2. Transferência de ações entre campos performativos: o desenho como meio, instrumento e linguagem de ação direta (seminário e oficina).
3. Retórica do ato performativo.: processos desviantes e práticas impertinentes (seminário e oficina).
4. Transferência da imagem para o ato: o desenho como instrução e protocolo (seminário e oficina).
5. Transferência do ato para a imagem: o desenho como documento e testemunho (seminário e oficina).
6. Aspetos biológicos e semióticos dos gestos e do movimento do corpo. Perceção da ação e contágio motor (seminário).
7. Jogos fictícios com o tempo (seminário).
8. O desenho como ato de presença: estar aí (seminário e oficina)
9. Desenvolvimentos experimentais.