A performance dos Géneros
“Architecture is not simply about space and form, but also about event,
action, and what happens in space.” Bernard Tschumi, 1976-1981
Entre a Mulher e o Homem, o feminino e o masculino, a vagina e o pénis… a saia e as calças, o laço e o
chapéu entre outros símbolos que dividem a Mulher e o Homem nestes espaços
performativos, traduzem uma arquitetura de códigos que controlam o
comportamento de cada um de nós.
Já Deleuze afirma no seu livro Proust e Signos « não mais uma homossexualidade global e específica em que os homens se
relacionam com os homens e as mulheres com as mulheres numa separação de duas
séries, mas uma homossexualidade local e não especifica em que o homem procura
também o que há de masculino na mulher, e a mulher, o que há de feminino no
homem; e isso na contiguidade compartimentada dos dois sexos como objetos
parciais.»
A nova área, inventada pela
Burguesia no século XIX já não servia só como um espaço destinado a resíduos,
mas gradualmente, tornou-se num espaço limitado com novos códigos conjugais e
domésticos que exigiram uma redefinição espacial de géneros, em que indiretamente
eram cúmplices em normalizar a heterossexualidade e considerar a
homossexualidade como uma patologia. Começa a existir um controlo nas casas de
banho públicas em que se avalia a adequação de cada corpo com códigos
existentes de masculino e feminino. Com o crescimento das comunidades LGBT
novos problemas começam a ser levantados, tais como a definição do género como
um voto livre de cada um e não pelo sexo atribuído no nascimento.
« E se essa pessoa não se define
em nenhum destes géneros ? qual será o seu espaço destinado?
Porque é que as casas de banho
para as pessoas de mobilidade reduzida não são dividas também pelo seu género?
Serão eles um novo género? Ou será que nem sequer têm direito a ele?»
Paul Beatriz Preciado, transgénero
e autor do livro Manifesto Contrassexual
explora esta ideia entre muitas outras dentro dos estudos de género. O autor afirma que «ninguém está interessado em
saber se vou mijar ou cagar, se vou fazer diarreia ou não, nem sequer estão
interessados na cor ou no tamanho da merda. O que importa é o género».
A Performance dos Géneros procura abrir um novo pensamento sobre
estes espaços que comandam e inspecionam o comportamento do Homem, sem opção de
escolha. No edifico Sul, no WC do piso 2 é visionado este comportamento entre
géneros: Pude verificar a performance de cada um dos géneros que por ali passou.