"... Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
porta passos
silêncio papel
água torneira
silêncio silêncio
silêncio porta
silêncio fecho
autoclismo
papel pingos
chichi chichi
chichi chichi
chichi chichi
pingos fecho
porta silêncio
passos porta passos
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio
Silêncio Silêncio..."
Pensar todo o ato como performance.
Fazer da sanita secretária, do papel higiénico suporte de registo - era este o cenário da documentação da cabine 1 do que se passava na cabine 2. Durante 1h, o registo de um momento ítimo deixava desconfortável quem lá entrasse. Um sentimento de observação e invasão, mesmo em espaços diferentes, é registado na repetição escrita do silêncio interpretado como uma hesitação.
Tentar escrever sobre o evento indocumentável da performance é invocar as regras do documentos escrito e, logo, alterar o evento em si mesmo. (...)
O desafio lançado à escrita pelas pretensões ontológicas da performance é o de repensar uma vez mais as possibilidades performativas da própria escrita. O acto de escrever no sentido da desaparição, em oposição ao ato de escrever no sentido da preservação, deve lembrar-nos que o efeito retardado da desaparição é a própria experiência da subjectividade.
Phelan, A ontologia da performance