Via dei Tribunali, Nápoles, lajes de basalto trabalhado, muitos corpos percorridos, muitos tempos vividos. A temporalidade faz-se sentir em tudo. O desenho em decalque como forma de preservar os vincos do tempo, uma recolha tanto dos gestos de quem esculpiu os relevos no basalto como quem os colocou, como de quem os pisou. Caminhada solitária a registar documentação do espaço. Escolha detalhada das lajes a decalcar. O processo de desenhar, por deslocado, atraiu muitos napolitanos, sendo que os desenhos foram quase sempre acompanhados por diálogos inusitados. Desde ofertas de chocolate a ofertas de beijos. Desde advertências para não ficar fascinada pela história dessas lajes, desses mundos passados, pois a nada nos conduzem. Forma de me aproximar dos outros, pelo decalcar obstinado do seu mundo, do seu espaço, mesmo que na eminência de vários atropelamentos.