Transferência de Uso
Carolina Lourenço
1º Exercício
Verbo: "Morder"
Ação feita a partir de um gesto motivado pela ansiedade, do morder o interior do lábio. Uso de Lápis Conté, num gesto solto e automatizado de replicar a ação.
Verbo: "Limpar"
Ação realizada a partir do gesto de limpar o batom com o dedo. Representação feita com pastel de óleo sobre a ponta do dedo imitando assim a ação num ato performativo.
Verbo: "Pegar"
Ação realizada a partir do gesto de pegar um objeto e colocar em cima de algo. Realizado com carvão, com um movimento idêntico e simétrico em ambas as mãos, através de um movimento de agachamento do corpo.
Verbos: "Agarrar" e "Dormir"
Ato performativo realizado através da junção de duas ações distintas, do ato de dormir, e do ato de agarrar (por exemplo: uma almofada), onde o objeto macio, confortável, é trocado por uma cadeira, um objeto rígido, bruto, e através do uso deste objeto que foi descontextualizado, representar o sentimento que esta ação me transmitia.
3º Exercício
Verbo: "Riscar"
O verbo riscar no contexto do desenho, foi trazido para o ato performativo, através do corpo como riscador, utilizando os pés para realização da ação.
Reflexão sobre o trabalho:
Para a concretização deste exercício foi necessário conseguir-me abstrair um pouco do racionalismo, e tentar produzir as ações sem questionar o meu gesto, inicialmente encontrava-me um pouco presa ao meu senso critico de racionalizar todas as minhas decisões, depois apercebi-me que para que eu conseguisse entender o exercício eu precisava de libertar a mente e deixar fluir o movimento do meu corpo através dos materiais e entrar quase num transe onde o meu corpo pudesse conduzir a própria ação de transferência.
No segundo exercício foi talvez o que tive mais dificuldade em concretizar, porque era necessário conjugar duas ações numa, e dessa forma a dificuldade que encontrei foi em como eu iria fazer uma performance onde eu conseguisse juntar essas duas ações, e que género de gestos e movimentos eu queria que o meu corpo representasse.
Não tendo nunca realizado qualquer tipo de performance, e tendo sempre tido uma certa advertência de eu mesma as realizar, estes trabalhos foram de certa forma importantes para mim para que pudesse compreender a própria performance e o que leva aos artistas a realizarem as mesmas, foi para mim quase como um sair da minha zona de conforto, e ficar confortável num lugar onde nunca achei que poderia estar confortável.
Foi sem duvida um exercício muito introspectivo, porque para além de nos tentarmos abstrair do que nos rodeia e da nossa própria mente, é interessante perceber de que forma o nosso corpo responde a estas ações, e quais os gestos que vai buscar para puder realizar estas transferências.
Carolina Lourenço, 2022