29.11.15

Inês Martins



1 Instrução para realização de um desenho, ou série de desenhos.


O objetivo era anexar a folha de papel num plano vertical, tornar o material riscador um prolongamento do próprio corpo, e dificultar o olhar através da direção, de modo a criar uma barreira (de desconforto) na contemplação do céu. Esta instrução foi pensada de modo a valorizar, através do corpo, a dificuldade de chegar a algo tão distante, assumindo uma certa autoridade pelo rigor dos passos, contudo, "plausível"1. A instrução exigia dois desenhos, um realizado durante o dia e outro durante a noite, de modo a possibilitar a observação de diferentes elementos. Observei que como não existia qualquer elemento visível no céu durante o dia, apenas céu azul, a minha colega desenhou um elemento exterior, um poste de electricidade que interrompia o seu olhar.




2 Instrução para realização de outra ação (que não um desenho).



Pretendia-se, aqui, algo literalmente impossível, cabendo à imaginação alcançar o objetivo proposto. Tocar no céu pode ser algo impraticável, mas existem formas de chegarmos mais perto. Num percurso que permitiu ao receptor, a Rute, explorar e conhecer um espaço de modo a ser possível aproximar-se ao mesmo tempo de outro. Substituindo a possibilidade de fracasso por uma linha de pensamento de "experimentos mentais"2, inspirada por Yoko Ono's, Chimney Piece,1964 spring. 

"...é imaginativo, empático, contemplativo, solitário. Uma instrução impossível é como um poema..."3


1 "Because of the ineliminable gap between an order and its execution, instructions always pose the question of plausibility." Mike Sperlinger, Afterthought new writing on conpeptual art, p.12.
2 "Often the instructions are like 'thought experiments', where even if a course of action is being suggested it seems more like an invitation to follow a train of thinking:" Mike Sperlinger, Afterthought new writing on conpeptual art, p.9.
3 Mike Sperlinger, Afterthought new writing on conpeptual art, p.8.