31.5.18

Performance, documento e Desenho

Bernard Tschumi, The Manhattan Transcripts Project, New York, New York, Episode 4: The Block, 1980-81

LISTA DE VERBOS
Documentar, rememorar, transcrever, arquivar, reconstituir, visualizar, simular, fingir… 

Este seminário pretende refletir sobre as motivações e estratégias do desenho como arquivo e documento em contexto performativo. 
Como base do trabalho, cada participante escolherá um contexto concreto na faculdade — um corredor, um armário, a distância entre árvores no jardim, uma janela — e uma circunstância. Olhará para eles como o grau zero de uma ação desviante.
Na primeira parte  pretende-se que reinvente o espaço ao nível das ações, das funções ou das fábulas que o inscrevem na memória individual e coletiva, desfamiliarizando a relação que com ele mantém (como tomar banho numa poça de água ou cantar uma ária de ópera por um intercomunicador).
Essa relação retórica poderá explorar atos do desenho deslocando-os para o espaço hospedeiro, transferências-de-uso entre campos performativos, ou processos comportamentais de construção do território: 
Violação, que implica o uso impertinente que fazemos de um território alheio (como olhar fixamente alguém a comer num restaurante);
Invasão, uma tentativa de apoderar-se de forma permanente de um espaço (mudando-lhe a função);
Contaminação, quando profanamos o território alheio já não com a nossa presença, mas com o que deixamos para trás. Por exemplo, quando encontramos objetos de anteriores hóspedes num quarto de hotel 
(cf. Knapp. Mark L. (1982). “Los efetos del Território y del Espacio Personal”. In La Comunicación no Verbal: El Cuerpo y El entorno. Barcelona, Paidós).

A ação poderá ser efetivamente realizada, ou simulada.
Nota 1: Levar material de registo para recolha de documentação; 
Nota 2: Procurar, ou fazer, um mapa/planta do espaço hospedeiro.
Nota 3: Tenham como referência a duração de 1h00m para a acção e recolha da informação.

 O trabalho a realizar na continuidade do seminário é a criação de um arquivo/documento da ação executada, e que a apreenda pelos seus critérios qualitativos, ao mesmo tempo que a inscreve no espaço e duração do evento.
Esse arquivo/documento terá como base o sistema das transcrições de Bernard Tschumi, usado em Manhattan Transcripts (1994).
Esse arquivo/documento poderá ser entendido no seu sentido documental ou teatral (Auslander), como um “suplemento da ação” (Peggy Phelan), como “espetro” (Derrida) ou “rumor calculado” (Alan Kaprow).

Bibliografia para discussão do trabalho
AUSLANDER, Philip (2006). "The Performativity of Performance Documentation". PAJ: a Journal of Performance and Art. 84. Vol 28,  September 2006, pp. 1-10.
FARTHING, Stephen (2009) “Recording: Towards an Intelligence of Seeing”, In GARNER, Steve (ed.) (2009). Writing on Drawing: Essays on Drawing Practice and Research. Chicago: Chicago University Press.
KAPROW, Allan (1966 [2003]). “Happenings Are Dead: Long Live the Happenings!”. In Essays on the Blurring of Art and Life.  Expanded Edition. Los Angeles: University of California Press, pp. 59-65. 
PHELAN, Peggy (1993). Unmarked: The Politics of Performance. London and New York: Routledge.
TSCHUMI, Bernard (1994). The Manhattan Transcripts. London: Academy Editions (cf. http://www.tschumi.com/projects/18/)


VERB LIST
To record, to transcribe, to store, to reconstitute, to describe, to visualize, to simulate, to fake...

This seminar aims to reflect on the motivations and strategies of drawing as archive and documentation process within a performative context. 
As the basis of the work, each participant will choose a specific place in the School: a room, a corridor, a closet, the distance between trees in the garden, the lake, a window… The place will be considered the ground zero of a deviating action.
The purpose of the first part of the seminar, is to reinvent the place at the level of its actions, its fables and functions, defamiliarizing the relationship we generally establish with it (like bathing in a puddle or singing an opera aria through the intercom).
This “rethorical” relationship can explore the drawing processes amplified to the scale of the space, transferences-of-use between performative fields, or behavioural processes associated with the framing of the territory:
Violation – which imply the disrespectful use of a another territory (i.e. when we stare someone eating in a restaurant);
Invasion – An attempt to take over a space in a permanent way (i.e. changing its function)
Contamination -  which happens when we desecrate another person’s territory not with our presence, but with what we leave behind. For instance, when we find in a bedroom hotel objects from previous guest.
(cf. Knapp. Mark L. (1982). “Los efetos del Território y del Espacio Personal”. In La Comunicación no Verbal: El Cuerpo y El entorno. Barcelona, Paidós).

The action may be actually performed, or just simulated for the effect.
Note 1: bring recording devices to document the performance.
Note 2: Search, or make, a map of the chosen place.
Note 4: Bear in mind a duration of 1h00 for the performance.

The work to be developed as an aftermath of the seminar is an archive/documentation that records the performed action, apprehending it for its qualitative criteria and at the same inscribing it in the space and duration of the event.
This archive/documentation will be organized with the reference of the Transcription System of Bernard Tschumi.
This archive/documentation can be understood in its documentary or theatrical meaning (Auslander), as a “suplement of action” (Peggy Phelan), as a “specter” (Derrida) or as a “calculated rumor” (Allan Kaprow).