Tranferência-de-uso no Desenho/ Workshop
Rita Pinto
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O workshop Transferência-de-uso parte numa
primeira ideia de empregar a ação Mastigar, e estabelecer uma relação com os processos do desenho. A ação foi
realizada com materiais de desenho como o papel e o café; desenvolvendo-se
assim através do ato de beber o café e mastigar o papel, deixando a marca como
o resultado desta prática. O café para além de ser um alimento é também usado
como um pigmento no desenho, o que possibilitou uma marca mais clara, que é deixada
pelos dentes no ato de mastigar.
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No segundo
momento foram exploradas duas ações distintas : Descer e Rebolar. O trabalho
leva-me ao ato de Descer as escadas
através do movimento de Rebolar, por exemplo o movimento de rebolar na relva.
Descer escadas é uma ação que fazemos
automaticamente no nosso quotidiano. É por isso vista pelo Homem com normalidade,
mas Rebolar na relva já é uma ação pensada e seguramente não a fazemos em
adultos, por isso o Homem a vê com estranheza.
No campo
performativo a junção destas duas ações não são fáceis de executar porque
implica que o corpo se adapte à superfície. Enquanto que rebolar na relva é um ato que é
associado à diversão, em que o corpo se desloca facilmente porque a superfície
é mole, e por isso tanto o corpo como o solo se moldam um ao outro. Nas escadas, duras e frias, o corpo é exposto à sua dureza e estranheza.
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O último
exercício embarca uma das ideias da primeira experiência do workshop– a Marca- e parte da intenção de contornar
os pés que estão pousados no chão de quem frequenta aquela sala de aula. O ato
conotado com os meios do desenho é o Contorno
e o espaço físico fora do papel é o chão
da sala de aula. O pensamento recaí para a ideia visual da pegada, que
deixamos por exemplo na areia, na terra, entre outros e que contrariamente, não
acontece naquele espaço. A finalidade deste exercício teve como preocupação
deixar visível as marcas das pegadas de todos aqueles que frequentavam a sala
durante a execução da ação.