16.4.18


DESENHO, INSTRUÇÃO E PERFORMANCE

Instrução para o desenho


"Recolhe folhas de papel de qualquer dimensão.
Escolhe o riscador que mais quiseres.
Desenha o que quiseres desenhar.
Termina o desenho.
Observa o que desenhaste.
Exalta-te com o que fizeste.
Deita o desenho ao lixo ou oferece-o a um desconhecido."


Instrução para a acção



"Escolhe uma parede (sem objectos) só para ti.
Encosta-te a ela (num dos seus extremos) com uma só bochecha e sente-lhe o frio.
Agora, espalma-te nela por inteiro e acompanha-a com o teu corpo até seres um plano.
Sem exercer força, molda-te nela.
Desliza-te lentamente sobre a parede, enquanto conservas a forma que adquiriste.
Desliza-te nela até ao seu fim, nessa e dessa forma.

Não deixes de ser um plano."


Acção do João Ferreira





Instrução para o desenho 


Instrução do João Ferreira


"Encontrar um meio visual que represente o padrão - formular/ilustrar os dados (arquivar; ordenar; guardar)"

(Instrução para o desenho relativa à acção de 
"Observar uma situação. Criar um padrão numa sucessão de acontecimentos.
Como quem passa por ti;
Quem fala para ti;
O que pedem de ti;
O que te rodeia;
O caminho que as pessoas percorrem;
As atitudes que apropriam.
Encontrar no performativo a rotina, o acontecimento e o instintivo/provocado.")



Desenho-registo da acção-registo

As instruções que segui do João Ferreira encontram-se inter-conectadas, uma vez que o registo de acontecimentos que sucede a instrução para a acção (que se assume no próprio acto de registar) dá lugar a uma série de desenhos realizados num suporte próprio desse acto de registar – o diário gráfico.
A instrução para a acção a realizar no espaço da faculdade, pelo acto relativamente familiar e recorrente a que se refere (como listar, apontar, enumerar), não pressupõe uma forma de actuação específica, como um corpo que se repensa antes de agir. A instrução não prevê a encenação de um acto no sentido de corpo-actuante, porque o seu único requisito é o próprio acto de registar e, assim sendo, procurei adoptar formas de actuação-registo no sentido de obter, estrategicamente, os elementos que foram pensados em desenho.
Os desenhos obtidos resultam de um enunciado de observações e contaminações elementares, que surgiram aquando da experiência no lugar escolhido.
Na instrução para a acção proposta ao João, procurei possibilitar uma constatação de uma impossibilidade física, não no sentido de lhe proporcionar contrariedade ou insatisfação, e sim uma percepção do corpo no espaço. Em relação ao desenho que propus, procurei que a preocupação (do desenho) se digirisse mais ao que acontece depois do acto de desenhar, do que ao objecto-desenho.