O primeiro momento de ação surgiu através de
uma prática que fazia continuamente em criança, amassava os papéis e com uma
caneta riscava os vincos que o amassar proporcionava ao papel. O amassar e
riscar tornam-se tão constantes que o próprio papel amolece e chega a rasgar, é
como que uma ação compulsiva. Fiz três desenhos resultantes deste primeiro
momento, um que só amaço, outro que amaço e risco por um curto período de tempo
e por último um desenho saturado pela ação durante um longo período de tempo.
Num
segundo momento, associei a palavra amassar ao ato de mastigar, pois o ato de
amassar está relacionado a termos culinários. A ação torna-se primordial e o
suporte torna-se um instrumento no qual o produto vai ser depositado, este
surge unicamente como um registo documental. A tinta-da-china foi inserida de
forma a concluir a ação, é um encerramento de um ato, a morte da obra, um desfasamento
temporal, tão frágil como o corpo que a mastigou e como a ação que a criou.
No último momento, apanhei folhas do jardim e rasguei-as sobre a mesa, retirando-as
do seu espaço de normalidade e rasgando-as assim que inseridas no novo espaço.
A obra é efémera, acontece naquele espaço de tempo e destrói-se assim que é
movida, o registo fotográfico é a única prova do seu acontecimento, cada vez
que existe um movimento, surge uma nova composição, uma nova obra. Editei a
fotografia do registo e modifiquei-a, surgiu então uma imagem nova que se assemelha a uma fotocópia. Este último momento desencadeou
algumas abordagens que podem vir a ser realizadas num novo projeto.