O destinatário recebe uma mensagem com um poema e uma encomenda na forma de uma caixa.
Tendo o poema, o "Soneto ao Senhor Correio" de Sidónio Muralha - em que o destinatário é o agente que interpela o decurso normal da carta -, como instrução o interveniente prossegue a agir sobre a encomenda de acordo. É lhe facultado uma resposta.


SONETO AO SENHOR CORREIO
Senhor Correio, Senhor Dom Correio,
por favor, por favor, Vossa Excelência
não abra as minhas cartas porque é feio
e tudo o que for feio falta à decência.
Eu leio as suas cartas? Não, não leio.
Se suas cartas lesse era demência.
Senhor Correio, veja se há um meio
se ter um pouco menos de inclemência.
Porque enfim o que escrevo a mim o devo,
Senhor Correio, é meu tudo o que escrevo,
e a tinta expressando as minhas falas.
É qualquer coisa mais que intimidade.
Senhor Correio, sabe que é verdade,
violar minhas cartas é matá-las.
Sidónio Muralha, “Poemas de Abril” (1974) in Obras Completas do Poeta, Lisboa: Universitária Editora, 2002
Catarina Casais, Desenho de Resposta