3.2.17

Trabalho Final


Trabalho Final

No projeto desenvolvido para a fase final do curso, procurou-se que a partir de uma ação fossem realizadas duas praticas diferentes seguindo as experiências dos workshops realizados durante o semestre.

Para a sua realização partiu-se de um interesse pessoal pelas sequencias fotográficas de Eadweard Muybridge, especialmente nas series dedicadas à figura humana em movimento. O atrativo que pessoalmente foi percebido nestas imagens tem a ver com a continua descontextualização à que foram submetidas, homens e mulheres geralmente desnudos a realizar ações quotidianas como subir escadas ou caminhar, mas também ações idealizadas de personagens que parecem imitar personagens da pintura .

Estas ações além de ser representações pelo fato de serem fotografias, são em se mesmas representações teatrais das ações que querem ser, é dizer são uma escusa para o ato fotográfico e solo nele adquirem sentido. Foi assim que procurou-se realizar uma ação que alem de não ter nenhuma consequência como as ações nas fotografias de muybridge, permitisse que o seu registro se inscrevesse na categoria teatral da fotografia de performance proposta por Paul Auslander, e que como as fotografias de Muybridge  a documentação (de ações de interesse tanto para a arte quanto para alguns setores da ciência)  e o desenho fossem os únicos espaços onde (e para os quais) aquelas ações aconteceram.

Desta ideia de catalogo de ações e de circularidade, e da teatralizado um ato que em outro contexto pudesse ter tido um sentido pratico, é dizer seguindo alguns elementos do modelo de muybridge e complementando-lo com a colagem de outras informações provenientes de outros contextos pretendeu-se dar ao ato fotográfico de uma ação qualquer outra qualidade além do ato mesmo, a partir de ré-contextualização por justaposições de elementos sem relação direta.

A ação mencionada foi a de rodar uma roda de um velho poço que agora só tem uma função decorativa no quintal da casa onde estou a morar. O objetivo foi utilizar o desenho e a fotografia como a estratégia para dar qualidade de performance (ou seu documento) Esta ação foi primeiramente fotografada como uma sequencia, obtendo-se 12 quadros. Posteriormente foram impressas com tonner e transferidas com acetona sobre papel de desenho, para poder utilizar a imagem fotográfica como complemento do desenho.


Na primeira parte trataram-se de realizar narrativas ao redor das possibilidades do poço, a fotografia e o desenho foram os insumos para a criação de umas imagens que pudessem ser tanto registos do que nunca aconteceu (o que o caráter indicial da fotografia podia permitir), quanto instruções para lograr o que é representado nas imagens (composições que permitissem uma leitura circular dos acontecimentos que se busco criar com as imagens)


..::Instruções para uma inundação::..

 Neste sentido ativar a roda foi concebida como uma ação que pelo uso do elemento fotográfico pode se entender como registro de uma sequencia para dar de beber a personagens sedentos ou como uma instrução para poder inundar uma cidade. A principal estratégia foi a de utilizar o trasnfer com solvente e complementando-se com o desenho a caneta e o uso de gouache. Os personagens de Muybridge foram utilizados assim como imagens da cidade do Porto. A apropriação que deu-se com relativa facilidade devido a o descontextualização das fotografias e ao tratamento de trasnfer manual com o que foram transferidas.








..::Circularidade impossível::..

Esta ação tratou-se de um ato de transferência no que executando com o corpo o mesmo movimento circular necessário para rodar o mecanismo do poço, foram feitos diferentes desenhos a realizar com diferentes meios, é dizer que a alavanca do mecanismo foi trocada por um lápis, um pedaço de carvão vegetal, uma caneta, etc. Desta forma buscou-se que como registro da ação não só ficasse a fotografia, mas as diversas possibilidades que esta ação permitiu ao mudar-se o elemento que mantinha a relação com o corpo por uma ferramenta de desenho.

 Assim de cada desenho foram selecionados alguns fragmentos que a sua vez foram sobrepostos e colados um acima do outro de maneira que completassem o desenho circular evidenciando-se que mesmo o corpo lembra-se a ação e esta se tratasse de um movimento repetitivo, os círculos obtidos não coincidiram, sendo alguns maiores ou mais ou menos ovoides do que os outros.

DO corpo desta vez não estava sujeito a um elemento fixo como o eixo do mecanismo da roda pelo que de cada repetição do movimento foi obtido um circulo diferente.

Realizaram-se em total seis desenhos sobre papel de tamanho A1